sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Senhora


Resumo
Publicado com o Pseudônimo G.M. Senhora é o terceiro romance de José de Alencar, publicado em 1875 na forma de folhetim dois anos antes da morte de seu autor.
Narrada em terceira pessoa a história é sobre o casal Aurélia Camargo e Fernando Seixa.
Aurélia Camargo, filha de uma pobre costureira, apaixonou-se por Fernando Seixas, a quem namorou. Mas Fernando não quer se afastar da sociedade por não ter dinheiro, por isso quando o pai de Adelaide Amaral oferece 30 contos de réis a Seixas para que se case com sua filha, Seixas desfaz a relação com Aurélia e aceita, mas vai adiando a data do casamento.
Passado algum tempo a mãe de Aurélia morre assim como seu avô, que havia descoberto sua neta, Aurélia, a pouco tempo, e à deixa uma grande herança, ascendendo na escala social. Ainda ressentida com o antigo namorado, resolve vingar-se dele, comprando-o como marido. Na época, o Segundo Reinado, vigora o regime de casamento dotal, em que o pai da noiva (ou, no caso, ela mesma) deveria dar um dote ao futuro marido.
Assim, através Do tutor de Aurélia, Lemos, Fernando recebe uma proposta de casamento e, após se encontrar com dificuldades financeira para pagar o enxoval da irmã que iria perder o casamento por isso, aceita sem saber exatamente com quem se casará recebendo cem contos de réis. Ao descobrir que sua noiva é Aurélia, Fernando se sente um felizardo, pois, na verdade, nunca deixara de amá-la e abre seu coração para ela. 
A jovem, porém, na noite de núpcias, deixa claro: "comprou-o" para representar o papel de marido que uma mulher na sua posição social deve ter. Dormirão em quartos separados. Aurélia não só não pretende entregar-se a ele, como aproveita as oportunidades que o cotidiano lhe oferece para criticá-lo com ironia. Durante meses, uma relação conjugal marcada pelas ofensas e o sarcasmo se desenvolve entre os dois.
Fernando, todavia, trabalha e realiza um negócio que lhe permite levantar o dinheiro que devia a Aurélia. Desse modo, propõe-se a restituir-lhe a quantia em troca da separação. Considerando o gesto uma prova da regeneração de Fernando, Aurélia, que nunca deixara de amá-lo, é vencida pelo amor. Ao receber o dinheiro, entrega-lhe a chave de seu quarto e o casamento se consuma, afinal.

Análise das personagens
Aurélia Camargo: Moça pobre. Aurélia é decente, educada, delicada, corajosa, elegante, informada, inteligente, experiente, e apaixonada por Fernando Seixas. A decepção amorosa transforma-a num mulher vingativa e fria, mas que não consegue disfarçar seu verdadeiro sentimento por Seixas. Seu comportamento é típico de uma esquizofrênica, já que se vê dividida entre sentimentos contraditórios até o final do romance. O amor parece ser sua salvação, redimindo-a de perder o homem que ama por causa de seu orgulho. Destacava-se pela sua beleza e pela sua maneira de agir e de pensar.

Fernando Seixas: Jovem estudante de Direito, fino, nobre, elegante, educado, extremamente inteligente, bem vestido e apreciador da vida em sociedade. A falta de dinheiro o conduz a acreditar que a única maneira de evitar a ruína final é casando-se com um bom dote. Envolvido pelo amor de Aurélia, chega a pensar em abandonar os hábitos caros, mas acaba percebendo que não consegue viver longe da sociedade. Depois do casamento por interesse, é humilhado, arrepende-se e consegue resgatar o dinheiro que recebeu a Aurélia.

Lemos – tutor de Aurélia, com uma grande habilidade mercantil. Ele é um velho capitalista, interesseiro e obcecado pelo dinheiro.  Era baixo, não muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Era vivaz, extremamente alegre e confiante.

D. Firmina – mãe de encomenda de Aurélia que lhe fazia companhia nas festas e compras.

D. Emília – mãe de Aurélia e irmã de Lemos, a quem este abandonou por ter-se casado com Pedro 

Camargo - pai de Aurélia e filho natural do fazendeiro Lourenço Camargo, que deixa, ao morrer, uma 
herança à neta, Aurélia.

Adelaide – Rival de Aurélia pela disputa por Seixas, quando pobre. Mas ela acaba se casando com Torquato, graças a Aurélia.

Torquato Ribeiro - moço bom e humilde que procurou ajudar Aurélia nos vários momentos difíceis, quando pobre.

Eduardo Abreu - pretendente de Aurélia. Moço bom que custeou as despesas do enterro de sua mãe.

Lourenço de Sousa Camargo - avô de Aurélia. Fazendeiro prepotente e austero.

Lísia Soares- amiga de Aurélia. Picante e um tanto fofoqueira.

Nicota – irmã de Seixas, por causa dele que Seixas casou-se com Aurélia, pois ele utilizou todo o dinheiro do casamento de Nicota e estava devendo dinheiro para o seu casamento acontecer.

Considerações finais
Presa no modelo narrativo romântico, onde o amor é visto como o único meio de redimir todos os males, “Senhora” apresenta alguns elementos inovadores, que prenunciam a grande renovação realista, tais como: a vigorosa crítica à futilidade comportamental e à fragilidade dos valores burgueses resultantes do capitalismo brasileiro emergente e certo grau de introspecção psicológica.

O texto retrata a hipocrisia da sociedade durante o Segundo Império. Através de um romance entre Aurélia Camargo e Fernando Seixas, o autor faz com que os leitores reflitam a respeito da influencia do dinheiro nas relações amorosas e principalmente, sua influencia nos casamentos da época. No começo do livro, Fernando Seixas não apresentava características de um herói romântico, por terminar e se casar com amada apenas pelo dinheiro, mas na última parte do livro, Seixas começa a desenvolver características dignas de um herói romântico, pois, juntando dinheiro, ele ‘’compra sua liberdade’’, pagando o valor do dote que recebeu de Aurélia.
Na época retratada na história, a mulher tem o papel mais importante dentro da sociedade.

O romance é uma critica ao casamento por conveniência social, que começa a ser visto como violência declarada, praticada com disfarces, com o surgimento da burguesia urbana do segundo reinado e da poesia romântica. Dividindo-se em quatro partes, correspondentes à etapas de uma transação comercial: Preço, Quitação, Posse e Resgate, contrariando o espirito de uma história de amor, os títulos explicitam a idéia de que a compra efetuada por Aurélia é metáfora do casamento por interesse.

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